Bombeiros durante buscas no local do acidente com jato de Eduardo Campos (Foto: Ricardo Nogueira/AFP)Guindaste, drones, asa-deltas e uma antena de rádio no topo de um morro estavam entre os possíveis obstáculos próximos à Base Aérea de Santos e na rota indicada à tripulação do avião que caiu na quarta-feira (13) no litoral de São Paulo. A queda do jato Cessna 560 XL matou o candidato à presidência Eduardo Campos (PSB), piloto e copiloto e quatro membros da campanha do presidenciável.
As notificações de situações de risco em decolagens e pousos devem sempre ser consultadas pelo piloto na elaboração do plano de voo, segundo a Força Aérea Brasileira (FAB). Esse informe tem o nome NOTAM (Notice to Airmen, em inglês) e é registrado no Serviço de Informação da Aeronáutica. A investigação ainda não apontou as causas do acidente e se houve colisão antes da queda da aeronave.
Um dos avisos, aberto em dezembro do ano passado, mas ainda válido e com prazo permanente, alerta sobre um guindaste de 128 metros de altura no Porto de Santos. O obstáculo está a 824 metros de distância da Base Aérea de Santos, onde a aeronave deveria ter pousado.
Outra notificação cita a presença de veículos aéreos não tripulado (Vant), popularmente conhecidos como drones. "Este aviso não afirma que haveria um Vant voando no momento [do voo de Campos]", diz nota da Aeronáutica.
O G1 listou ao menos 10 NOTAMs que poderiam resultar em risco às operações aéreas próximo à base área, como urubus e serviços de salvamento e combate a incêndios.
Segundo informou a assessoria da FAB, o alerta sobre vants é "de praxe" a todos os pilotos que seguem para a Base Aérea, e foi enviado em 11 de agosto, após os pilotos informarem que fariam a viagem a Santos. De acordo com a Força Aérea, a área dos vants fica a mais de 20 quilômetros de distância da base. "Bem distante da possível trajetória realizada pelo PR-AFA no dia 13 de agosto", afirma a Aeronáutica
O piloto particular, engenheiro aeronáutico e especialista em segurança de voo Ricardo Chilelli acredita, no entanto, que a chance de o jato ter colidido contra o guindaste ou a antena são pouco prováveis por causa da altura desses dois obstáculos. "A queda teria sido mais próxima desses pontos", afirmou. Chilelli ressaltou ainda que os acidentes aéreos ocorrem, na maior parte das vezes por causa de uma conjunção de fatores e não um fato isolado.
"Só temos duas exceções: atentado ou ato voluntário. Tirando esses dois, desconheço no mundo que acidente seja uma única razão", disse Chilelli. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) informou, por meio da assessoria de imprensa, que vai investigar todas as possibilidades. Não há previsão para visita dos peritos os locais citados na carta e nas NOTAMs, segundo a assessoria da Força Aérea Brasileira.
Do G1PE